terça-feira, 25 de junho de 2013

O CÉU ME DEVE UM DIÁLOGO


O céu me deve um diálogo,
uma explicação ...
um porquê.
Não se deixa uma filha órfã...
                  Só...
                  Per
di
    da.

O céu me deve um diálogo,
não se  leva uma mãe,
sem motivo...
sem razão...

Mas o céu está omisso !
As nuvens me observam,
silenciosas... não dizem nada!

DEUS, socorro!
Como é que vou seguir sozinha
                     Nesta estrada?!



                                                     LOUCURA



                                            
De onde vem essa saudade,
que chega em noites geladas
e invade a casa...?
De onde vem essa lembrança,
que de vítima me faz suspeita?
De onde vem essa loucura insana ,
que chega ,arrebata ,
me tira o sono,
e me faz poeta na madrugada?
De onde será essa saudade incerta...
Essa porta  de passado aberta...
...trazendo  flashes  de dor adormecida ?
Por que essa ferida  doendo  tanto,
essa saudade doentia,
de quem tirou de mim todo o encanto...
minha  alegria
e emudeceu  de vez minha poesia?



rotina


Te encontrar numa página confusa...
no verso de uma poesia.
Numa noite, em final de festa
Construir uma rotina

Conversar lavando pratos,
cultivar uma "nossa" taça,

num gesto simples de uma canção ,
um beijo, vinho e o violão.

Para te perder em seguida
em  avenidas ... festas...bebidas.
Olhares furtivos, nome trocado,
e  a certeza, novamente, tudo errado.
Deleto toda a história...
Reinicio.

Amor faz de conta.
Desfaz-se a tela...
E a estrela que não colori,
meu sol , minha  lua , meu céu...
Inteiramente ao léu...



( Maria Nelma de Araujo)


( Baseado em DETALHES de augusto Massi)
Resposta

Vínicius , também acho a vida boa.
E toda minha felicidade, um sonho.

Agradeço por ter esse amor tão puro...
e se vibro ou choro, é por ele.

Posso afirmar que o amo.
Tenho o que preciso para ser feliz.

E se roubo versos da tua Dialética
é porque você me retratou.

Tal como você, possuo tudo:
“mas acontece que eu também sou triste.”




                                                   LEMBRANÇAS


O cheiro de café...
Minha mãe me mandando sair de cima do fogão...
O vento da chuva entrando pela fresta da parede...
O bolinho de chuva...(encharcado)
Tudo ali...
E alcei vôo para tão longe...
Buscando nem sei o quê...
Plainando em terras distantes...
Com pessoas estranhas...
Me  transformando em pedra.
Ancorada num vazio  imenso.
Enlouquecendo ...
...e sem ter mais terra firme pra pousar.



CEIA PROIBIDA



Na madrugada...
A panela A frigir...
O  brócolis...muito alho...
Um beijo com sabor cerveja.
Os mini chikens a dourar...
Uma taça.
Um amor proibido...
Um desejo alucinado..
Pecado.
Os risos...
Os erros...
A  música... a vida...
(Disfarçada de certa.)
Um sonho sem amanhecer...
O querer sem esperança...
As brincadeiras de criança...
De repente...você sumindo...
Eu mal me agüentando
Fingindo...
Morrendo.

Sorrindo (blefando)
   Insólita


“ Da primeira vez que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha”.
Quintana sabia da grandeza de seu verso.
Hoje me viro do avesso...
Pois também me assassinaram tantas vezes...
Por isso trago em mim
Esse trejeito esquisito...
Essa vontade de parar...
Essa certeza que no final vai dar errado...
Essas tatuagens de saudade estampadas no meu peito...
Esse caminhar sem rumo...
Esse deserto imenso
Essa certeza de perda antes mesmo da busca...
Essa morte anunciada  de
Tudo que amo.


QUEM SABE

Quem  sabe eu te encontre...
Num beco de esquina...
Numa suntuosa vitrine...
Na cantina da escola...

Quem sabe...

Por hora eu te encontre agora!
Na feira de Domingo...
Na casa de um amigo...

Quem sabe  eu já te tenha aqui,
guardado em mim...
e na busca alucinada
te esqueci?

Quem sabe o menino triste do passado,
a carta mal escrita que nem li ...
escondessem a fórmula da felicidade...
e por vaidade ou capricho,
deixei o tempo destruir...?


segunda-feira, 24 de junho de 2013

É ASSIM...

É assim que me vejo
Tal como o sol...
Tal como a lua...
Tal como a rua.

É assim que me quero
É assim que te espero
Correndo riscos...
Pagando mico...
É assim que te vejo
E é assim que te quero.
Dizendo coisas banais...
Arriscando um verso...
Tropeçando no Português...

É assim mesmo que te espero.
Com um sorriso amarelo ...
Devolvendo o livro sem nem ler...
Me dizendo coisas absurdas...
Errando  o caça-palavra...
Teimando comigo que é com g
Desafiando o meu humor...
É .È assim que quero você.




( Maria Nelma de Araujo

                                                                       MENINA


Fui menina diferente
Sem laço de fita
Nem vestido engomado.
Deus me fez jurar que eu seria boa.
E então me jogou uma alma
 e um coração.
Mas o coração era poeta...
E o diabo sorriu amarelo e saiu.
Minha mãe rezou, acendeu velas...
Não adiantou.
Virei passarinho...
Borboleta perdida...
Me apaixonei pela lua , violão e rua...
Talvez isso explique
Esse meu desencanto pela vida...




( Maria Nelma de Araujo )


quinta-feira, 6 de junho de 2013

SUA


Sua.
Sem  eira nem beira
                      e  sua.

Sozinha, de madrugada na rua,
          mas sua.
Nas reuniões de trabalho,
o pensamento voa...
                        sua...

De manhã , o despertador.
Em sobressalto, o pensamento
                              me traga
                              me acua...        
outra vez,
          sua.

À noite, o repouso...
O cansaço...
A falta do seu abraço,
em outros  braços,
mas sua.

Sua...
Mesmo com a realidade,
                   nua e crua.

Mesmo parecendo tudo perfeito,
me viro do avesso ...
sufoco o desejo,
e tão distante te vejo,
mas eternamente sua.



( Maria Nelma de Araújo )

CERTOS DIAS



 Tem dia que sou cabeça,
Mato charadas...
Discuto política ... Economia...

 Tem dia que sou pássaro:
Vôos rasantes nos meus sonhos.

 Tem dia que sou poesia,
Namoro as rimas...
Brinco com a as palavras...
                    Sou magia.

 Tem dia que sou alegria,
Menina sapeca...
Flerto com os manequins das vitrines:
                                          Sou paixão.

 Mas tem dias que sou tristeza:
Cabisbaixa...
Jururu...
Calada num canto...
Esses são os dias que você passa,
tão senhor de si,

 ... que nem me olha.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

AMOR DE PERDIÇÃO


O vento gelado batendo na janela...
Eu...você...
Um edredom roto.
Teu corpo quente...
Teu coração palpitando no meu...
A noite assustada lá fora...
O cheiro de pecado no ar...
Teu beijo...teu sono...
Teu mundo.
Meu tudo.
Minha vida em desatino...
Meu pedaço de sonho...
Momentos roubados.
Meu fim.
O adeus na madrugada.
A poeira encobrindo tudo...
Pelo retrovisor a imagem distante...
Da insensatez
                     Da embriaguez
                                            Da loucura
Do veneno mortal

                           Que me cura.                                             (Maria Nelma)
DESCOBERTA


 Nasci Maria...
Não Maria vai com as outras...
Maria forte!
Poeta louca!
Maria insana!
Profana...
Maria crente na desventura.
Maria doida...
Doída...
Insandecida...
Embriagada de solidão.
Maria Nelma?
Maria torta...
Maria à-toa...
Atéia...
Maria Cética.
Sem sono...
Sem planos...
Sem missa ...
Sem Domingo...
Sem Ramos.




          


(   Maria Nelma de Araujo



ROCHEDO- MS